sábado, 26 de setembro de 2009

Bushido


O sol forte me impedia de olhar o horizonte, achava melhor. No rosto a sensação de liberdade, proporcionada pela certeza da existência de uma bela paisagem a minha frente e a brisa que insistia em afagar-me. Porém, no coração a sensação de derrota. Buscava a fuga, de tudo. Não era possível viver preso a tradições que se conhece apenas por velhas fotos e histórias ouvidas tantas vezes que soavam chatas e fabulosas. Todos precisavam entender que aquele não era meu mundo, apenas porque meus descendentes saíram de lá. Isso se repetia na minha cabeça, mais e mais rápido. A paz se foi quando a tarde caiu, o sol havia me abandonado, como eu fizera com as tradições. Talvez, a noite tenha chegado tão rápido para esconder minha vergonha, sentia que ela se revelava cada vez mais. Resolvi sair da praia, caminhar sem rumo, perambulando pelas ruas. Mas algo, não me deixou ir muito longe. Eu não entendia o que se passava, nem o que não me deixou sair de lá.

Pequena história sobre a Restauração MEIJI

Distante do Brasil e do "bonsai que virou árvore", os samurais planejam se rebelar contra governo opressor do Xogunato. Era a hora de usar a espada para construir um país melhor e deixar o Período Edo - como ficou conhecido a época do Xogunato (1603-1868). O personagem viria a conhecer a cidade de Edo pessoalmente mais tarde - Edo tornou-se mais tarde Pequim. No ano de 1868, após a restauração do governo, o imperador Meiji assume o poder, o que promove a modernização do país e o fim do Xogunato. Contudo, em 1876, os samurais acabaram perdendo seus direitos. Esses personagens, ainda hoje, fazem parte do imaginário de orientais e ocidentais, guiam os passos de muito em direção a um caminho de luta e sabedoria.

Pequena história sobre um CÓDIGO DE HONRA

Bushido é seguir um caminho, especificamente o "caminho do guerreiro", mas é sua vida como um todo, é mater-se fiel ao código de honra dos samurais - os destemidos guerreiros do Japão. É preciso seguir o Bushido durante a vida e na morte, para se viver com honra. Concedendo valor as coisas simples: a fidelidade, o sacrifício, o auto controle, o amor, a devoção a espada, a honra, humildade e a dignidade. Formado pela junção de conceitos do Xintoísmo, Confucionismo e Budismo, o Bushido indicava o caminho da busca da harmonia entre o "Eu interior" e o mundo. E, assim, seguindo estes ensinamentos os samurais cresceram como casta e se tornaram imortais quando decidiram trilhar o caminho absoluto.

Pequeno Conselho

Se um dia seus caminhos se fecharem é preciso voltar-se para o Bushido, com certeza, ele lhe guiará. Aliás, guerreiros são aqueles que buscam seu caminho. O seu se abrirá a sua frente apenas quando você quiser, se fizer consciente de seus temores, limitações e dons. Quando você conseguir equilibrar todos eles. Não é fácil, porém nada impossível. Jamais se esqueça que uma palavra se resume a responsabilidade e lealdade. É um caminho sem volta.


Pequena história sobre um SAMURAI

Para Miyamoto Musashi os homens devem moldar seu caminho. E, assim, ao ver seu caminho em tudo que fizer se tornará o próprio caminho. Dessa forma, o considerado como maior samurai de todos os tempos começa a se revelar. Dignidade e honra permearam sua história, além da busca pelo caminho da espada. Criador do estilo de luta de duas espadas - o Niten Ichi Ryu é uma figura significativa e respeitada no Japão e no mundo.

Pequenos presentes

Aquele dia esperava ganhar qualquer coisa, menos o que se materializava a minha frente, após abrir afoito os pacotes, espessos como tijolo e pesado como pedra, só pensava no que poderia ser. O embrulho se desfazia na mesma medida em que a curiosidade aumentava. O desejo, porém foi desfeito após ver um novo exemplar de "Go Rin No Sho" - o livro dos Cinco Anéis - e os dois tomos de "Musashi". Todos esperavam que falasse algo, um agradecimento, ou um simples sorriso. A única coisa que fiz foi correr o mais distante que pude. Queria fugir de tudo, mergulhar no mar, e, consequentemente, na solidão. Precisava muito ficar só.


A lua guiará seu caminho

Ao caminhar exaustivamente pela orla da praia, resolvo sentar novamente na areia. Da lua, em sua maior forma, emana um brilho encantador. No ápice da noite sou atraído até o mar. Sobre a areia, já fria, a água cai poderosa, abre caminho para minha passagem. E, ao mesmo tempo, tenta me expulsar. Porém, o poder da lua me faz persistir. Por um instante, vejo uma imagem refletida, nem a minha nem a da lua. Uma imagem única, que não demoro a identificar.

Então, apenas nós entendíamos o porque dele não poder sair da praia. Não que fosse obra do destino, nem de seu passado. Nem que fosse fácil de compreender. Era pura e simplesmente, por causa de si mesmo, apenas por isso.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O bonsai que virou árvore


As transformações, um trem, uma vida, um passado e o futuro compartilhados. Todos eles estavam ali por algum motivo, e esse motivo os unia de alguma forma. Mesmo que eles não se conheçam, não se vêem, nem se sintam, estão ligados: você pode acreditar que seja pelo destino ou por qualquer outra coisa. Acredite no que quiser. Você só não pode duvidar.

Acordei atrasado, o desespero tomou conta do meu rosto. Sai apressado: peguei a mala, o envelope com a passagem e partir para a estação de trem. Um novo caminho se abriu em minha frente: minha última chance.

O trem partiu, Pequim ficava para trás, e eu levei mais do que quando eu cheguei. Não era mais aquele funcionário que estava frustrado por ir a China fechar um negócio na empresa ao invés de curtir o carnaval. O que acreditei ser um castigo transformou-se em algum positivo para mim. Há muito havia abandonado minhas origens e renegado meu passado.

Ao meu lado um senhor, aparentando ter seus 65 anos me abordou, disse ser um sensei, realmente ele apresentava ser uma pessoa simples e experiente. Sua conversa me interessou, por instantes abandonei as belas paisagens para focar na conversa daquele senhor, “o velho mestre”.

Contei para ele sobre minhas origens, e a história dos meus avós. Em suas palavras, o que foi mais importante para foi quando disse que a família é o verdadeiro eixo de nossas vidas: quando algo não está bem ninguém pode seguir até que este ente querido seja re-equilibrado. Me disse também que o relacionamento com os outros envolve a responsabilidade, além do equilíbrio pelo bem. Por fim, disse-me que eu precisava ser testado. Por isso, o desafio e as dificuldades, eu precisava ser podado para me tornar forte, ele falava enfaticamente.

Pouco antes da noite cair e do senhor cochilar descobrir que não era mais mais o mesmo, as respostas que tanto busquei se projetavam a minha frente, minhas raízes pareciam ser podadas. Me transformei: o bonsai que virou árvore.