sábado, 21 de novembro de 2009

abajurzinho chinês


O pensamento vagava por terras distantes naquele momento, um pequeno resgate das coisas boas do passado; sentia um força interior inimaginável que me impulsionava a seguir caminhos desconhecidos. A viagem seria interrompida, o que me animou, já estava feliz devido as reflexões que a viagem ao passado me permitiram fazer, mas o vazio ainda permanecia. Assim, passei a ver este trabalho mais como um prêmio - quero esquecer meu horror só de pensar em chegar ao oriente.

Chegamos pela manhã na vila de fênix, nunca vi nada tão bonito; localizada no distrito das etnias Tujia e Miao da província de Hunan, fundada na época do imperador Kangxi, o local é pura história e beleza. Nas montanhas o encanto das flores e do verde, nas casas o encanto da arquitetura local.

As margens do rio, após contemplar a paisagem, notei em meu reflexo flores ao fundo que pareciam com lanternas vermelhas. Segui até elas, logo, percebi um templo próximo- um prédio de tijolo, com telhado preto e muro branco que me lembra uma foto antiga de família, amarelada pelo tempo, mas não pela memória.

O renascido das cinzas

A fênix é um pássaro de incrível força da mitologia grega que, quando morto, entrava em auto-combustão e renascia das próprias cinzas. Porém, seu clico de vida tinha fim, mesmo que com uma longa vida, um dia a fênix transformaria em cinzas e não voltaria mais. Contudo, para os chineses, a fênix representa a felicidade, a virturde, a força. a liberdade e a inteligência. Eu estava buscando tudo isso e fui parar justamente nesta vila.

Lembrei da foto dos meus avós, que provavelmente estiveram aqui; ambos felizes seguravam nas mãos cinco fitas com as cores sagradas: azul, roxo, vermelho, dourado e branco.

Após ver o dia morrer, sobre uma colina, despedi-me da vila, não tentei imaginar o que os meus avós viveram aqui, somente guardei a imagem deles comigo. Fênix não ficaria para trás, assim como as laterninhas chinesas, que agora iluminavam meu caminho. Minhas cinzas sim ficariam ali - toda minha dor e temor. Uma ave surgiu na paisagem, com cinco fitas presas aos seus pés. Voltará a minha viagem e aos meus pensamentos, desta vez, bem mais feliz.