segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O Envelope


O sentido das coisas é algo que deve ser bem delineado. Dar sentido a vida, as escolhas, as pessoas. A vida, tão fugida.. acabando escorrendo pelas mãos. As escolhas que fazemos ao longo da vida acabam nos construindo como pessoa. As pessoas tão diferentes, mas no fundo tão iguais. O tempo. Volta novamente. Álias, não é ele quem rege tudo?

Tic Tac... Tic Tac...Tic Tac.. Meu Deus! Como é difícil encontrar um endereço. Faz 15 minutos que procuro este prédio. Não posso perder este negócio por nada. Senão estou morto. Aí! Quando meu chefe disse que tinha uma ótima surpresa para mim, nunca imaginei que fosse cair nessa armadilha. E o pessoal do escritório, traíras. Todos sabiam. Por isso aqueles risinhos sórdidos. Estão eles agora, curtindo um carnaval maravilhoso. Naquela terra maravilhosa. E, eu aqui! Premiado por ser um funcionário exemplar. Os chineses vão me matar, preciso correr. Saio apressado por uma rua movimentada. Provavelmente uma das ruas principais do centro comercial. Tão imponentes como em qualquer outro lugar. Por um instante me esqueço do chefe, dos chineses, do carnaval. Me deparo admirando Pequim.

Já fazia mais de uma semana que sonhava com aquele dragão. O mesmo dragão todos os dias. O interessante é que não me assustava com ele. Me atraía de alguma forma. Admirava sua beleza extasiada. E não parava de admirá-lo. Fazem exatamente 9 dias que cheguei definitivamente a Pequim. Até pouco tempo morava em uma pequena cidade com minha família. Este trabalho significa muito. E levar este envelope para o chefe na casa de massagens é uma responsabilidade muito grande. Preciso me apressar, pois a cidade a esta hora é um caos. Seu coração pulsa. Por um instante visualizo o dragão, sinto um choque como se tivesse me esbarrado em algo, apenas sinto o envelope escorrega das minhas mãos.

O clima no escritório não era dos melhores, o brasileiro. Ah! o brasileiro. Não queria estar na pele dele. O que terá acontecido? Um grupo apostava que ele era louco, outros achavam que tinha se perdido, e um grupo pequeno tinha certeza de que ele se apaixonará em Pequim. Os vencedores da aposta iriam poder escolher as músicas do Karaokê mais a noite. Todas as sextas-feiras saímos para cantar. Resolvi apostar que ele era louco. Isso porque nem tive tempo de pensar. O chefe estava insano, para não falar coisa pior. Me pediu os envelopes com a reprodução do contrato. Corri para minha mesa que estava uma confusão. Só deu tempo de falar. Aposta que ele é louco. E sai para entregar o envelope que trazia a insígnia do dragão.

Chegou um envelope. Ele reina sozinho na sala vazia. O lugar não é imponente, muito menos deplorável. Uma casa digna, de pessoas que com muito esforço ergueram suas vidas naquele local. Há tempos o silencio reina, mas nem sempre foi assim. Houve uma época em que as crianças não paravam, corriam, brincavam, trabalhavam. Apesar da disciplina, as crianças tiveram uma infância feliz naquele local. Ele percebe algo diferente: o envelope. O analise, sua cor avermelhada, o selo do dragão. Abre lentamente, como se estivesse com vontade de deixá-lo jogado ali. Mas continua. As palavras ganham sentido e o tom daquele texto lhe é bem conhecido: sua filha.

O sentido das coisas, o destino? Quem concede o sentido dá vida? Quem projeta os caminhos a serem seguidos? Quem faz as escolhas? E por qual motivo?
O questionamento está presente. As coisas acontecem por acaso, tempos poder sobre as nossas vidas. Ou tudo depende de nossas escolhas? E o que nos faz ficar mais seguros diante de tantos problemas? A fé? A filosofia? Não sei! As pessoas que vem e vão em nossa trilha. Tem motivo para que elas estejam ali naquele momento? E o tempo, em que lugar ele se encaixa nisso tudo? E assim, sucedem inúmeras questões....
Muitas perguntas e nenhuma resposta! A pista é o envelope.